A tela de DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) no Biodata foi desenvolvida para oferecer uma análise financeira clara e estratégica da clínica, consultório ou hospital. Ela permite avaliar a rentabilidade e a eficiência da operação com base em dois modelos contábeis:
📊 Modelos de Análise
Por Competência: considera receitas e despesas no momento em que foram geradas (mesmo que ainda não tenham sido pagas ou recebidas).
Por Movimentação Financeira: considera os valores efetivamente recebidos ou pagos, refletindo o fluxo de caixa.
🔄 Filtros Disponíveis
Ano: obrigatório para qualquer modelo.
Mês: ao selecionar um mês específico, o sistema apresenta os dados exclusivamente daquele mês, facilitando análises pontuais ou comparativas com outros períodos.
Por Período: apenas para “Por movimentação financeira”, possibilita personalizar o intervalo.
Unidades: permite selecionar uma ou mais unidades da instituição.
🔍 Estrutura do Relatório
💡 Importante: O Biodata não possui atualmente um módulo de controle patrimonial. Portanto, investimentos em bens e ativos fixos (como equipamentos e mobiliário) não são registrados diretamente no sistema. Seu impacto contábil no DRE ocorre apenas de forma indireta, por meio da depreciação, caso os dados sejam lançados externamente e integrados via sistema contábil. O DRE no Biodata é apresentado com os seguintes grupos, detalhados a seguir:
(+) Receitas: Engloba todos os valores gerados pelos atendimentos, procedimentos, exames e outros serviços prestados. É o faturamento bruto antes de qualquer desconto ou dedução.
(-) Deduções: Representam valores que reduzem a receita bruta, como impostos retidos, glosas de convênios, cancelamentos ou descontos concedidos. Essencial para apuração correta da receita líquida.
= Receita Líquida: Resultado da subtração das deduções sobre as receitas. É o valor efetivamente considerado como receita da clínica ou hospital.
(-) Custos e Despesas Variáveis: Incluem despesas que variam proporcionalmente ao volume de serviços realizados, como materiais médicos, comissões sobre atendimentos, terceirizações por procedimento, exames externos, etc.
= Margem de Contribuição (%): Representa quanto da receita líquida sobra após os custos variáveis. É o valor que contribui para pagar as despesas fixas e gerar lucro. Também é apresentada em percentual sobre a receita líquida.
(-) Custos e Despesas Fixas: Despesas que independem do volume de produção, como salários administrativos, aluguel, energia, telefonia, software, entre outros custos fixos mensais.
= EBITDA (%): Sigla para “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”. No contexto do Biodata, é o lucro operacional antes da depreciação. Representa o resultado operacional real da clínica, excluindo elementos não caixa. Também é apresentado como percentual sobre a receita líquida.
(-) Depreciação: Representa a perda de valor de ativos como equipamentos médicos, móveis e instalações. Embora não envolva saída direta de caixa, impacta a apuração contábil do lucro.
= Lucro Operacional (%): Resultado final da operação, após todas as deduções, custos, despesas e depreciação. Representa a eficiência da clínica na geração de lucro com base na estrutura atual. Também é apresentado como percentual sobre a receita líquida.**
📊 Indicadores e Referências por Tipo de Estabelecimento
🏥 Clínicas Médicas e Ambulatórios
Indicador
Faixa Referencial
Interpretação
Margem de Contribuição
45% a 65%
Abaixo de 45%: reveja precificação e desperdícios.
EBITDA
15% a 25% (ideal: >20%)
<15%: despesas fixas elevadas.
Lucro Operacional
10% a 20%
<10%: alerta de baixa rentabilidade.
Despesas Fixas
<35% da receita líquida
Acima disso compromete o fluxo.
🏨 Hospitais
Indicador
Faixa Referencial
Interpretação
Margem de Contribuição
35% a 50%
Naturalmente mais baixa devido à estrutura.
EBITDA
10% a 20%
Acima de 15% já indica boa gestão.
Lucro Operacional
5% a 15%
<5%: risco operacional ou subfaturamento.
🔌 Clínicas de Diagnóstico por Imagem
Indicador
Faixa Referencial
Interpretação
Margem de Contribuição
50% a 70%
Equipamentos caros exigem margens altas.
EBITDA
20% a 30%
Alta eficiência possível com boa gestão de volume.
Lucro Operacional
15% a 25%
Acima de 25% é excelente.
Depreciação
Elevada (10% a 15%)
Alta devido a tomógrafos, ressonâncias etc.
Fontes utilizadas:
KPMG & Deloitte: relatórios de benchmark setoriais produzidos por essas consultorias globais, que incluem indicadores como margem de contribuição, EBITDA e lucro operacional por segmento (incluindo saúde), além de análises sobre tendências e boas práticas.
IBGE (PAMSAÚDE): pesquisa nacional que avalia a infraestrutura da saúde no Brasil, trazendo dados como número de leitos, equipamentos e capacidade de atendimento por tipo de estabelecimento.
RAIS (Relação Anual de Informações Sociais): base do Ministério do Trabalho que permite análise da estrutura de pessoal das clínicas e hospitais, incluindo média salarial, número de funcionários por categoria e porte das instituições.
💼 Sobre Investimentos e o DRE
É comum que gestores tenham dúvidas sobre onde aparecem os investimentos realizados pela clínica ou hospital. Abaixo está uma explicação clara para auxiliar na leitura e compreensão:
🏗️ Investimentos em Equipamentos, Estrutura e Reformas
Estes valores não aparecem diretamente no DRE, pois são classificados como ativos imobilizados.
O impacto no DRE ocorre de forma gradual, através da depreciação mensal.
Exemplo: um equipamento adquirido por R$ 240.000 pode gerar uma despesa de R$ 4.000 por mês no DRE, durante 5 anos.
Também não aparecem diretamente no DRE operacional.
Caso gerem receitas financeiras (juros, ganhos de aplicações), isso pode ser considerado fora da operação principal da clínica e normalmente é tratado em relatórios financeiros contábeis mais completos.
💡 Observação Importante
O Biodata não possui módulo de controle patrimonial. Assim, os investimentos físicos ou financeiros não são registrados automaticamente no sistema. Para um controle detalhado desses itens, é necessário utilizar um sistema contábil complementar ou planilhas de gestão patrimonial.
📌 Resumo Prático para o Gestor
Indicador
Ideal
Ações quando fora do ideal
Margem de Contribuição
> 50%
Revisar precificação e custos variáveis
EBITDA
> 20%
Reduzir despesas fixas, otimizar operação
Lucro Operacional
> 15%
Verificar subutilização da estrutura
📚 Boas Práticas de Leitura
Compare por período: mês contra mês ou ano contra ano.
Verifique unidades individualmente: detecta centros com baixa performance.
Use os dois modelos (competência + financeiro) para análise contábil x caixa.
Corrija receitas/despesas não classificadas: afetam a precisão da análise.
Avalie campanhas promocionais usando o filtro por mês.
🔄 Interpretações Comuns
Margem alta + EBITDA baixo → Despesas fixas elevadas.
EBITDA bom + Lucro baixo → Depreciação ou estrutura antiga.
Lucro alto + caixa fraco → Inadimplência ou prazos longos de recebimento.