A Análise do Comportamento Aplicada, conhecida mundialmente como ABA (Applied Behavior Analysis), é uma ciência que utiliza princípios do comportamento para promover aprendizados e melhorar a qualidade de vida de pessoas com desenvolvimento atípico — principalmente indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
📜 Um Pouco de História
A ABA começou a se consolidar como prática terapêutica nos Estados Unidos entre as décadas de 1950 e 1960, a partir dos trabalhos de B.F. Skinner e da disseminação dos princípios da análise experimental do comportamento. O método ganhou força após os estudos de Ivar Lovaas, nos anos 1980, que demonstraram que intervenções intensivas e estruturadas poderiam melhorar significativamente as habilidades sociais, cognitivas e de linguagem em crianças com autismo.
No Brasil, a abordagem chegou nos anos 2000 por meio de universidades e centros acadêmicos, inicialmente restrita ao ambiente científico. Com o tempo, ganhou espaço em clínicas, programas de intervenção precoce e, mais recentemente, em políticas públicas — como a Lei 12.764/2012, que garante direitos à pessoa com TEA.
💡 Exemplos Práticos da ABA
A aplicação da ABA se dá por meio de intervenções individualizadas, com metas claras e mensuráveis. Alguns exemplos:
- Ensino por tentativas discretas (DTT): útil para ensinar habilidades básicas, como contato visual, imitação ou nomeação de objetos.
- Treinamento de habilidades sociais: por meio de reforço positivo, a criança aprende a esperar a vez, cumprimentar, pedir ajuda ou identificar emoções.
- Comunicação funcional (FCT): ajuda a substituir comportamentos disfuncionais (como gritos ou agressividade) por formas apropriadas de comunicação (como usar figuras ou palavras).
📈 Como Avaliar o Progresso?
A ABA trabalha com dados contínuos e objetivos. O progresso do paciente é acompanhado por registros diários que avaliam:
- Frequência e intensidade de comportamentos-alvo
- Percentual de acerto em tarefas específicas
- Tempo de resposta a comandos
- Generalização das habilidades (se consegue aplicar fora do contexto da terapia)
Esse monitoramento constante permite ajustes imediatos no plano terapêutico, o que torna a ABA dinâmica e personalizada.
🧩 ABA vai além do TEA
Embora a ABA tenha se popularizado no tratamento do autismo, não se limita a ele. A abordagem tem sido eficaz em diversos contextos, como:
- Transtornos de ansiedade e TDAH
- Reabilitação de pessoas com deficiência intelectual
- Treinamento de habilidades para idosos com demência leve
- Gestão comportamental em escolas e empresas
- Programas de cessação de vícios (como tabagismo)
🔬 Pesquisas Recentes
Estudos mais recentes reforçam a eficácia da ABA e seu potencial de inovação:
- Um estudo de 2020 publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders demonstrou que programas baseados em ABA com ao menos 20 horas semanais têm impacto significativo no desenvolvimento linguístico e social de crianças com TEA.
- Pesquisas brasileiras, como as desenvolvidas pela PUC-SP e pela UFSCar, têm contribuído para adaptar a ABA à realidade sociocultural do país, tornando a abordagem mais acessível e humanizada.
💚 Muito além da técnica
No dia a dia das clínicas, a ABA só alcança seu potencial quando todos na equipe — do terapeuta à recepção — entendem a importância do acolhimento. Uma criança que chega nervosa e encontra uma recepcionista preparada, uma sala organizada e um ambiente previsível, já começa o dia com mais segurança. A clínica inteira vira parte do processo terapêutico.
O Biodata acredita que conhecimento gera valor. E quando esse conhecimento transforma vidas, ele gera ainda mais propósito.
📚 Referências:
- Cooper, J.O., Heron, T.E., & Heward, W.L. (2007). Applied Behavior Analysis. Pearson.
- Lovaas, O.I. (1987). Behavioral treatment and normal educational and intellectual functioning in young autistic children. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 55(1), 3–9.
- Smith, T. (2020). Early and Intensive Behavioral Intervention in Autism. Journal of Autism and Developmental Disorders, 50(2), 492–506.
- Matos, M.A., & Passos, M.L. (2014). Análise do Comportamento no Brasil: História, Produção e Desafios. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 10(1), 72–79.
- Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental (ABPMC) – www.abpmc.org.br